Sete cardeais brasileiros estão aptos a votar no conclave que escolherá o novo Papa
A Igreja Católica vive um dos momentos mais solenes e decisivos de sua história recente. O Papa Francisco faleceu nesta segunda-feira, dia 21 de abril, no Vaticano, aos 88 anos, encerrando um pontificado marcado por reformas, gestos de simplicidade e uma forte ênfase na misericórdia, justiça social e cuidado com os pobres.
Com sua morte, inicia-se oficialmente o período conhecido como Sede Vacante, no qual a Sé Apostólica permanece vaga até que um novo Papa seja eleito pelo Colégio de Cardeais. E entre os 135 cardeais aptos a votar no conclave, sete são brasileiros, reforçando o peso da Igreja no maior país católico do mundo.
Quem são os cardeais brasileiros eleitores?

João Braz de Aviz
Natural de Mafra (SC), o cardeal João Braz de Aviz nasceu em 24 de abril de 1947 e foi ordenado padre em 1972. Teólogo respeitado, possui doutorado em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Lateranense. Foi arcebispo de Maringá e depois de Brasília, tendo sido proclamado cardeal em 2012 pelo papa Bento XVI. Participou do conclave de 2013, que elegeu o papa Francisco. Aos 77 anos, ainda está dentro da faixa etária para votar.

Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer nasceu em Cerro Largo (RS), em 21 de setembro de 1949. Com ampla atuação acadêmica e pastoral, foi proclamado cardeal em 2007 por Bento XVI. Em 2013, chegou a ser cogitado como possível sucessor de Bento XVI. Apesar de ter apresentado sua renúncia em 2024, ao completar 75 anos, continua no cargo a pedido do papa Francisco.

Orani João Tempesta
Monge cisterciense, Orani Tempesta nasceu em São José do Rio Pardo (SP), em 1950, e foi ordenado padre em 1974. Arcebispo do Rio de Janeiro desde 2009, teve papel de destaque ao receber o papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude em 2013. Foi proclamado cardeal em 2014.

Leonardo Ulrich Steiner
Franciscano e atual arcebispo de Manaus, Steiner nasceu em 6 de novembro de 1950, em Forquilhinha (SC). Ordenado padre em 1978, estudou Filosofia e Teologia em Petrópolis. Foi proclamado cardeal em 2022 por Francisco, sendo uma figura importante na Amazônia, especialmente nas discussões sobre meio ambiente e povos indígenas.
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Sérgio da Rocha
Nascido em Dobrada (SP), em 21 de outubro de 1959, Dom Sérgio da Rocha é arcebispo de Salvador. Ordenado padre em 1984, foi proclamado cardeal em 2016. Em 2023, tornou-se o primeiro brasileiro nomeado para o Conselho de Cardeais, grupo próximo ao papa responsável por ajudar na governança da Igreja e na reforma da Cúria Romana.
Jaime Spengler
Atual presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Jaime Spengler é arcebispo de Porto Alegre desde 2013. Nasceu em Gaspar (SC), em 6 de setembro de 1960. Estudou Filosofia no Paraná e Teologia no Instituto Franciscano de Petrópolis. Foi proclamado cardeal recentemente, em 7 de dezembro de 2024.

Paulo Cezar Costa
Mais jovem entre os cardeais brasileiros eleitores, Paulo Cezar Costa nasceu em Valença (RJ), em 20 de julho de 1967. Ordenado em 1992, é doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma. Foi nomeado arcebispo de Brasília em 2020 e tornou-se cardeal em agosto de 2022.
O que acontece agora? Entenda os próximos passos até a escolha do novo Papa
Com o falecimento do Papa Francisco, a Igreja segue o protocolo detalhado pela Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, que regula a transição papal:
Sede Vacante:
Começa imediatamente após a morte do Papa. Durante esse período, a administração do Vaticano é assumida pelo Camerlengo, que supervisiona os preparativos para o conclave. Todos os chefes de dicastérios (ministérios do Vaticano) perdem seus cargos, exceto os que são necessários para funções essenciais.
Congregações Gerais:
Os cardeais começam a se reunir diariamente no Vaticano para avaliar o cenário da Igreja e discutir os desafios atuais. São esses encontros que moldam o ambiente espiritual e político para a eleição do novo Papa. Também se decide a data de início do conclave.
Preparação da Capela Sistina:
Enquanto isso, a Capela Sistina é preparada para receber os cardeais eleitores. O local é rigorosamente isolado, e medidas de segurança são tomadas para garantir o sigilo do processo. O famoso fogão da fumaça também é instalado.
O Conclave:
É o termo usado para designar a reunião dos cardeais da Igreja Católica com o objetivo de eleger um novo papa. Essa reunião é realizada na Capela Sistina, no Vaticano, e é cercada de rituais e regras específicas. Só os cardeais têm acesso, e eles ficam isolados até que escolham o novo pontífice.
O conclave deve começar entre 15 e 20 dias após a morte do Papa. Durante esse período, os cardeais são mantidos em clausura. A votação exige dois terços dos votos para que um novo pontífice seja eleito. A cada dia são feitas até quatro votações, e o resultado é sinalizado com fumaça: preta, se nenhum candidato for escolhido; branca, se houver um novo Papa.
Anúncio ao mundo: “Habemus Papam”
Uma vez eleito, o novo Papa é perguntado se aceita a missão e qual nome deseja adotar. Após sua aceitação, é anunciado da sacada da Basílica de São Pedro, e aparece para a primeira bênção: Urbi et Orbi – “à cidade e ao mundo”.
Brasil: protagonista em um novo capítulo da Igreja
Com sete votos no conclave, o Brasil reforça sua posição como uma das forças mais relevantes da Igreja Católica mundial. A pluralidade dos perfis desde defensores da Amazônia até especialistas em teologia e líderes urbanos mostra a riqueza da fé vivida no país.
Agora, enquanto o mundo católico se despede de Francisco, o olhar volta-se para Roma, onde em breve será escrito mais um capítulo da história da Igreja. O futuro da fé católica está prestes a ganhar um novo rosto.
Por Tawan Nunes