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Cidades da serra da Ibiapaba levam Ceará à liderança do Nordeste na produção de tomate

O Ceará se tornou líder na produção de tomate na região Nordeste em 2024. É o que garante a estimativa feita pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), que aponta que o Estado se aproxima de uma safra de 200 mil toneladas neste ano. 

O LSPA consolida as estimativas “com base nas informações coletadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em todo o País”, conforme informações repassadas pela instituição.

Como essa projeção é feita mensalmente, há variações no volume das safras colhidas. Na última estimativa divulgada, referente a outubro de 2024, o Ceará deve produzir neste ano pouco mais de 195 mil toneladas do fruto.

Esse volume representa uma alta de quase 6% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Dos nove estados do Nordeste, somente o Sergipe não produz tomate.

Com esse resultado, a expectativa é de que o território cearense ultrapasse a Bahia, até então o maior produtor da região de tomate. Neste ano, o estado nordestino deve colher, aproximadamente, 182 mil toneladas.

Ceará mais do que dobra produção em 10 anos; Bahia encolhe 

Os dados mensais da LSPA são consolidados no final de cada ano e integram a Produção Agrícola Municipal (PAM), levantamento também realizado pelo IBGE. Nesse estudo, as estimativas são ajustadas e os dados reais das áreas plantadas e das colheitas são reveladas.

A LSPA acumulada do tomate de 2023 do Ceará indicava que a produção seria de 184.809 toneladas. Na PAM, os números ficaram praticamente idênticos, com a safra do ano passado do fruto no Estado ficando em 184.799.

Caso se confirme a tendência em 2024 de dados praticamente idênticos no acumulado da LSPA e no resultado da PAM, o Estado vai mais do que dobrar a produção de tomates no território em 10 anos. 

Em 2015, logo após passar Pernambuco e se tornar o segundo maior produtor do Nordeste, o Ceará havia colhido em torno de 95 mil toneladas. Para 2024, a tendência é de uma alta de 105,2%.

Isso confirma também o declínio da Bahia na produção do fruto. Nos últimos 10 anos, a maior produção do estado nordestino foi justamente em 2023, com mais de 343 mil toneladas colhidas. Para 2024, a estimativa de outubro da LSPA é de que o território baiano produza “apenas” 182 mil, queda de 47%.

Ao todo, 77 municípios no Ceará, segundo a LSPA, produziram tomate no Estado até outubro deste ano. A maior produção é localizada na região da Serra da Ibiapaba, na divisa com o Piauí. No local, estão cinco cidades que concentram a colheita de tomate do Estado, responsável por 63,9% de todo o fruto que é produzido no território cearense:

  1. Guaraciaba do Norte;
  2. Tianguá;
  3. São Benedito;
  4. Ubajara;
  5. Ibiapina.

A importância do tomate na produção agrícola cearense foi notada na divulgação dos resultados do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado do segundo trimestre de 2024. A agricultura, por sua vez, foi a que teve maior alta dentre os setores, com crescimento de mais de 32% na comparação com o mesmo período do ano passado.

O que explica a alta na produção de tomate no Ceará?

A engenheira agrônoma e mestranda em Desenvolvimento Regional Sustentável pela Universidade Federal do Cariri (UFCA), Karoline Maia, ressalta o crescimento significativo no cultivo do tomate no Estado.

“Passou de mais de 170 mil toneladas em 2022 para uma estimativa de 195,3 mil toneladas em 2024, incremento de aproximadamente 15%, demonstrando os esforços e o empenho dos agricultores locais para alcançar tal resultado”, pontua.

Legenda: Cultivo em ambiente protegido favorece produção de tomate, cultura bastante vulnerável às pragas Foto: Arquivo

O destaque positivo da região da Serra da Ibiapaba, segundo Karoline, é devido à “uma tradição consolidada no cultivo de tomate e outras hortaliças”. A engenheira agrônoma enumera os motivos que destacam os municípios do local como propícios para o cultivo do fruto, bem como evidencia o Cariri em crescimento no plantio.

“Diversos fatores contribuem para o sucesso dessa região, tais como condições climáticas favoráveis, altitude, qualidade do solo e boa disponibilidade de água. Por outro lado, a região do Cariri também vem se notabilizando neste cultivo, pelas suas características únicas que favorecem uma agricultura diversificada e produtiva”, explica.

(Diário do Nordeste)