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Pires Ferreira está entre as 9 cidades do CE que alcançou 100% das crianças alfabetizadas na idade certa em 2024

Com uma política estadual de alfabetização consolidada e referência nacional, o Ceará tem nove cidades que atingiram o índice de 100% de crianças que sabem ler e escrever ao final do 2º ano do Ensino Fundamental pelo segundo ano consecutivo. Os municípios são: Catunda, Coreaú, Forquilha, Graça, Novo Oriente, Pacujá, Piquet Carneiro, Pires Ferreira e Poranga.

Os resultados são do Indicador Criança Alfabetizada (ICA), divulgados no dia 11 de julho pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao Ministério da Educação (MEC). 

O relatório também aponta que Ceará manteve a melhor taxa de alfabetização do país em 2024, sendo o único estado brasileiro a atingir 85,3% das crianças alfabetizadas na idade certa. Esse resultado coloca o Estado na lista das 18 unidades federativas que apresentaram evolução no indicador de 2023 para 2024. 

Além disso, é um dos 11 que atingiram ou superaram a meta estipulada pelo MEC para cada uma das unidades federativas. A Pasta define metas anuais individuais para os estados, considerando as desigualdades territoriais.

No recorte nacional, o Brasil teve índice de 59,2%, um aumento em relação a 2023 que registrou 56%. No entanto, a porcentagem ainda ficou abaixo da meta estipulada, de 59,9%. O objetivo é que, até 2030, o país tenha pelo menos 80% das crianças sabendo ler e escrever na idade certa. 

ESTREIA NO PÓDIO E MANUTENÇÃO DO TRABALHO

No primeiro levantamento apresentado pelo MEC, em 2023, a cidade de Poranga tinha atingido 96% das crianças alfabetizadas. Em um ano, o município do Sertão dos Crateús subiu 4 pontos percentuais e chegou aos 100%. 

Para o prefeito, Roberto Uchoa (PT), o resultado é consequência do zelo e da preocupação do município com as escolas e os agentes envolvidos no processo de aprendizagem. “Não existe um fator, mas uma série de detalhes planejados e executados com um objetivo só que é o sucesso das crianças”, afirma. 

Entre as estratégias de ensino adotadas pela cidade estão a busca ativa dos estudantes, o estímulo ao acompanhamento familiar e o incentivo de 15% do salário base do professor alfabetizador.

Com apoio de assistentes sociais e psicólogos, o município vai atrás dos alunos ausentes para entender a situação das famílias e fazer com que ele retorne às aulas. 

“Nosso compromisso é zelar e melhorar cada vez mais a condição de nossas escolas e para os profissionais, para que esses índices tão positivos se estendam para toda educação básica”, completa Uchoa. 

Forquilha foi uma quatro das cidades que manteve o índice de 100% de 2023 para 2024. Em entrevista ao Diário do Nordeste, o prefeito Edinardo Rodrigues Filho detalha que a assistência dos pais é uma das ferramentas que influenciou esse resultado.

“Buscamos meio de ajudar a família na educação dentro de casa, porque só na escola não conseguimos fazer tudo”, afirma.

Além disso, a gestão investe em ações no ambiente escolar como alimentação reforçada, transporte seguro e distribuição de kits escolares e fardamentos. “Muitos alunos vão para a escola para se alimentar porque não tem comida em casa e, por lá, eles têm café da manhã, lanche, almoço e a merenda”, explica.

MELHOR ÍNDICE NACIONAL

Os números do Ceará não são uma surpresa, pois, nacionalmente, as políticas de alfabetização do Estado são exemplos a ser seguidos. “Enquanto boa parte dos estados caminham ainda a passos lentos, criando as suas políticas de alfabetização, alguns estão reestruturando, o Ceará já possui uma política de alfabetização na idade certa desde 2007”, explica Bernardo Baião, coordenador de Políticas Educacionais da Iniciativa Todos Pela Educação.

No ano em que surgiu o Programa Alfabetização na Idade Certa (PAIC), apenas 40% das crianças cearenses concluíam o 2º ano do ensino fundamental alfabetizadas. Essa política foca na cooperação entre Estado e Municípios para fortalecer a rede pública de ensino, e se tornou referência nacional – contribuindo, inclusive, para estruturar o Pacto Nacional Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). 

“A mensagem que o Ceará passa para o país é se você prioriza uma política pública bem desenhada e mantém ela ao longo do tempo, os resultados vão aparecer. O grande segredo da política pública é você dar continuidade e sustentação política para que os resultados apareçam de forma natural” 

INDICADOR CRIANÇA ALFABETIZADA (ICA)

O Indicador integra o Compromisso Criança Alfabetizada (CNA), lançado em junho de 2023. Essa política se baseia na colaboração entre União, Estados e Municípios para garantir a alfabetização de todas as crianças na idade certa e recuperar aprendizagens de alunos do 3º, 4º e 5º ano afetados diretamente pela pandemia da Covid-19.

O índice é calculado a partir de um teste, no qual cada estudante responde a 16 itens de múltipla escolha e três de resposta construída, sendo uma produção textual. Esses testes são compostos por um conjunto de itens cedidos pelo Inep e aplicados pelos sistemas estaduais de avaliação. 

O padrão nacional de alfabetização que aponta a criança alfabetizada foi estabelecido em 743 pontos na escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), pela Pesquisa Alfabetiza Brasil, em 2023, conduzida pelo Inep para determinar o ponto de corte que indica a alfabetização de uma criança ao final do 2º ano do ensino fundamental.

O Inep considera alfabetizados os estudantes que sabem ler palavras, frases e textos curtos; conseguem inferir informações em textos que articulam linguagem verbal e não verbal; e localizam informações explícitas em textos curtos, como crônica, bilhete ou fragmento de conto infantil. 

Entre as metas pactuadas estão:

  • Monitoramento e acompanhamento dos resultados de alfabetização; 
  • Apoio técnico e financeiro da União para melhorar a infraestrutura física e pedagógica das escolas públicas; 
  • Oferta de materiais didáticos complementares para estudantes e materiais pedagógicos para professores; 
  • Sistemas de avaliação da alfabetização;
  • Estratégias formativas e orientações curriculares.

Esses resultados terão impactos a um longo prazo, como explica Bernardo, uma vez que a alfabetização é a base para o desenvolvimento de outras habilidades dos estudantes. “É a partir dela que os estudantes desenvolvem capacidades técnicas, habilidades socioemocionais, que podem progredir na escola e, claro, por consequência, progredir tanto no ensino superior contra o mercado de trabalho”, afirma.

(Diário do Nordeste)