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Jovens cearenses se destacam na 1ª Olimpíada Brasileira de Inovação, Ciência e Tecnologia

Destaque quando o assunto é educação, o estado do Ceará classificou 63 dos 448 estudantes aprovados para a quarta fase da 1ª Olimpíada Brasileira de Inovação, Ciência e Tecnologia (OBICT), promovida pela EduSpace. A etapa final está prevista para o dia 22 de novembro, em formato presencial, com os locais de prova a serem divulgados em breve no site oficial da competição.

A OBICT, iniciada em junho com fases online, contou com a participação de mais de 36,5 mil alunos de todo o País. O Ceará obteve o terceiro maior número de aprovações, atrás apenas do Rio Grande do Sul, que classificou 115 estudantes, e de Minas Gerais, com 69.

Sonhando em cursar Medicina, a estudante Ana Letícia de Sousa Setúbal Monteiro, de 14 anos, foi uma das aprovadas para a última etapa da OBICT. Natural de Camocim, município localizado a 354, 21 quilômetros (km) de Fortaleza, a estudante conta que já participou de mais de 50 olimpíadas científicas, sendo medalhista em 36 delas.

“Tem um sentimento de orgulho e de autoconfiança que você vai ganhando, não só com as medalhas, mas de você estar estudando. Você começa a se conhecer melhor, conhece a quem você gosta, faz amizades. Muitas olimpíadas te levam para viagens, você conhece novos lugares de um jeito muito bom. Então, eu acho que é fazer, porque não tem o que perder”, incentiva.

Com um histórico de sucesso em competições de Química, Biologia, Física e Astronomia, Ana Letícia destaca que a preparação para as olimpíadas exige muita dedicação e pesquisa intensa. Segundo a estudante, a rotina de estudos para a Olimpíada Brasileira de Inovação, Ciência e Tecnologia também a auxilia no preparo para outros desafios acadêmicos.

“Já adianta vários conteúdos. A prática de fazer provas já te treina, tanto para o vestibular, quanto para o Enem. O sentimento, a pressão, em todos os sentidos, tanto no cognitivo, onde você já aprende alguns conteúdos antes, quanto na parte emocional. Então, você já tem um preparo ali”, confessa.

Inspirada pela mãe, a professora de Ciências Humanas Iris Jeannita Alves de Sousa, e pela divulgadora científica Maria Larissa Pereira Paiva, mais conhecida como “Larittrix”, Ana Letícia conta que ter exemplos reais de pessoas envolvidas com a educação é muito impactante e encorajador.

“Quando ela [Larittrix] aparece com aquele monte de medalhas que ela tem, aí dá vontade de ter também, né? Você quer entender como é que ela fez isso, como é que foi o processo dela. Eu a conheci nesse meio, porque ela já foi à Nasa, já foi à Brasília, já foi no Ministério. Basicamente, em todos os eventos de Ciência ela está presente. Isso é muito inspirador para todo mundo”, conta.

A última etapa OBICT terá representantes dos municípios de Fortaleza, Barbalha, Brejo Santo, Camocim, Itapipoca, Maracanaú, Santana do Cariri e Sobral. Além de identificar novos talentos, o evento tem como objetivo despertar o interesse dos estudantes por tópicos avançados ligados à ciência, tecnologia e inovação.

Criado para jovens estudantes, o evento é gratuito e a participação é voluntária. Os interessados podem se inscrever em três categorias: estudantes de ensino fundamental (6º ao 9º ano), estudantes de ensino médio ou técnico (que não estejam matriculados em cursos de ensino superior) e a terceira categoria é aberta para qualquer pessoa que desejar fazer a prova.

Muito além das medalhas

Com milhares de seguidores nas redes sociais, a divulgadora científica Maria Larissa Pereira Paiva, a Larittrix, utiliza suas plataformas para compartilhar conhecimentos científicos, dicas de estudo e falar sobre suas experiências em olimpíadas científicas. Para além dos estudos, ela também motiva jovens meninas a explorarem o seu potencial e enxergarem a Ciência como um caminho viável e promissor para suas carreiras.

Nascida no sertão cearense da cidade de Pires Ferreira, na microrregião de Ipu, localizada a 332, 77 km de Fortaleza, a jovem explorada do espaço foi atraída, desde os oito anos de idade, para os mistérios universais escondidos entre as estrelas. O apelido, inclusive, faz alusão à estrela Bellatrix, a terceira mais brilhante da constelação de Órion.

Aos 16 anos, foi certificada pela National Aeronautics and Space Administration (NASA) como a primeira Astronauta Análoga do Ceará, após descobrir um asteroide em um dos projetos de incentivo à ciência promovidos pela agência espacial. Hoje, quatro anos mais tarde, ela já compartilhou a experiência com mais de 15.000 mentorados por todo o país.

Ela acredita que as redes sociais permitiram a criação de uma comunidade entre os estudantes olímpicos e que muitos deles começaram a compartilhar suas rotinas de estudos, incentivando outras pessoas. “Isso acaba virando um ciclo de inspiração lindo de ver, e cada vez mais estudantes almejam não só as medalhas, mas esse life style”, explica.

Em suas mentorias, a divulgadora científica conta que os mentorados aprendem desde o básico até os benefícios que podem ser conquistados pelos alunos, professores e gestão. “Explicamos sobre como encontrá-las, como inscrever os alunos, como participar, regras das olimpíadas, sobre divulgação de oportunidades, como montar a agenda da escola ou secretaria”, conta.

Com uma abordagem acessível e envolvente, Larittrix busca quebrar barreiras e desmistificar o universo científico para jovens de todo o país.

Vagas Olímpicas: um pódio acadêmico

Aos 17 anos, Thaís Aparecida de Almeida celebra uma conquista extraordinária: foi aprovada no curso de Engenharia Mecatrônica da FACENS (Faculdade de Engenharia de Sorocaba), uma vitória garantida por meio de vagas olímpicas.

Naturalmente curiosa, Thaís teve seu primeiro contato com competições científicas aos 9 anos, quando participou da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). Apesar de não ter recebido uma medalha na ocasião, ela já se destacava entre os colegas, alcançando uma das notas mais altas da escola.

Após essa primeira experiência, a estudante se afastou das competições por um tempo, voltando apenas aos 14 anos, já no 9º ano. Sua história tomou um novo rumo durante a pandemia, quando deixou os estudos de lado. Foi então que, ao assistir a uma live sobre a Olimpíada Internacional de Astronomia, redescobriu sua paixão pelas olimpíadas científicas.

Foi com a ajuda de Larittrix que Thaís descobriu sobre as vagas olímpicas e com quem aprendeu como submeter suas premiações para pleitear uma delas. “Eu fui sem achar que ia passar, e fiquei surpresa quando vi meu nome lá, que eu tinha passado. Eu chorei muito. Lembro que eu contei para a Lari e ela ficou super feliz”, relembra emocionada.

Em 2019, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) passou a oferecer vagas universitárias para medalhistas de competições científicas. Desde então, a trilha olímpica, como ficou conhecida, já se tornou uma estratégia de ingresso nas em instituições como Universidade São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal do ABC (UFABC), e as federais de Itajubá (Unifei), do ABC Paulista (UFABC) e de Mato Grosso do Sul (UFMS).

A iniciativa incentiva o desenvolvimento de talentos em áreas científicas e amplia as oportunidades de ingresso no ensino superior.

As olimpíadas não só transformaram seu futuro acadêmico, mas também sua visão de si mesma. Cada premiação reforçava sua confiança, permitindo que enxergasse novos horizontes. “É como se eu olhasse para mim e falasse: você é capaz de qualquer coisa. Você pode ser uma professora, porque eu quero ser professora, ou você pode ser uma astronauta e ir para a NASA, porque hoje eu já não vejo mais limites em mim”, complementa.


Além de Larittrix, Thaís destaca os professores Clarissa Vergara, Henrique Duarte e Anan Proenso, do projeto Medalhei, como influências cruciais em sua trajetória. Guiada pela admiração por esses mentores, ela sonha em seguir na área de tecnologia e continuar impactando a vida de jovens através das olimpíadas.
Quando questionada sobre o que diria aos jovens que aspiram seguir o caminho das competições olímpicas, ela incentiva com entusiasmo: “Vocês são capazes de ir muito além das medalhas. O começo pode ser desafiador, mas a satisfação de cada conquista faz tudo valer a pena”.

(O povo)