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Jovem de Pires Ferreira é destaque em matéria do site da revista Forbes

O site da Revista Forbes Brasil, revista estadunidense de negócios e economia publicou nesta sexta-feira (26/07) uma mateira sobre a ex-estudante de Ipu, moradora da cidade de Pires Ferreira, Maria Larissa Pereira Paiva que é conhecida nas redes sociais como Larittrix, que atualmente é divulgadora científica brasileira.

Leia a matéria na íntegra abaixo

Maria Larissa Pereira Paiva é conhecida nas redes sociais como Larittrix, o apelido é inspirado na estrela Bellatrix, a terceira mais brilhante da constelação de Órion, onde estão as populares “Três Marias”, primeiro objeto de estudo — mesmo que não intencional — da jovem. “Aos oito anos de idade, apontei para o céu e perguntei para a minha avó se as estrelas tinham nome, então, ela me contou a história das Três Marias. Eu cresci fazendo perguntas sobre o mundo ao meu redor, mas nunca me conformei com as respostas”, conta.

A curiosidade intrínseca despertou em Larissa o desejo por mais conhecimento, porém, sem acesso à internet, a jovem buscou por respostas nos livros didáticos e nas interações com professores das escolas públicas do município de Pires Ferreira, cidade com cerca de dez mil habitantes no interior do Ceará. “Não tinha internet por aqui, o que me frustrou por um tempo, mas mantive o hábito de olhar para o céu e escrever sobre ele”, relembra Larissa.

Em 2018, quando completou 13 anos, as portas da astronomia se escancararam diante de Larissa após uma lan house ser inaugurada. “Foi onde eu tive a oportunidade de pesquisar sobre as Três Marias pela primeira vez, foi lá que eu descobri a existência da astronomia. Depois, comecei a ensinar minha família, minha comunidade e meus amigos sobre as coisas que eu aprendia”, diz a divulgadora científica.

O bom desempenho estudantil levou Larittrix a cidade de Ipu, a alguns minutos de distância de sua casa, para cursar administração de empresas e o ensino médio em uma escola técnica profissionalizante, momento em que conheceu as Olimpíadas Científicas, competição entre escolas brasileiras em diferentes disciplinas, entre elas: a astronomia.

“Eu encontrei um motivo pra justificar o que eu queria estudar. Além dos materiais didáticos, comecei a vasculhar a internet e as redes sociais em busca de mais conteúdo. A partir daí, foi um passo para que eu começasse a falar no Instagram sobre o assunto.”

O passo seguinte foi em direção aos asteroides. Aos 17 anos, Larissa Paiva foi certificada pela Nasa por encontrar um asteroide durante um projeto de incentivo à ciência da agência espacial norte-americana em parceria com instituições internacionais. “Hoje, já são mais de 25”, complementa.

Larissa ao lado de suas “professoras do ensino fundamental favoritas,” Cristiane Lima e Elisiane Duarte.

No entanto, para participar do projeto, os candidatos precisavam, obrigatoriamente, de um computador ou notebook com acesso ao Windows. “Foi durante a pandemia, nessa época, eu assistia às aulas da escola pelo celular. Nem meus pais tinham um computador. Mas eu não desisti, pedi o notebook de um vizinho emprestado e fiquei horas caçando asteroides”, relata.

O nome Bellatrix vem do latim e significa guerreira, mais uma feliz coincidência na vida de Larissa: “Eu carrego muitas feridas, nada veio fácil, eu não sou genial, conquistei tudo com muito suor.”

O reconhecimento da Nasa trouxe a atenção de investidores, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e de um colégio particular de Fortaleza, o Farias Brito. “Eu recebi dois notebooks, um da Multilaser e o outro de um empresário local. Em seguida, ganhei uma bolsa integral para estudar em Fortaleza com tudo pago, inclusive moradia e alimentação. Por fim, fui para Brasília e conheci o presidente.”

Em 2023, ela conquistou o título de primeira astronauta análoga do Ceará. A convite da Wogel Enterprise Aerospace, estação espacial análoga móvel localizada em Brasília, Larissa fez um treinamento que simula uma viagem ao espaço, algo comum em agências norte-americanas e dentro da própria Nasa.

“Ficamos no acampamento por alguns dias e realizamos algumas atividades. Tivemos aulas de física, primeiros socorros, gravidade, simulações na cabine de um foguete, e por aí vai”, apesar disso, ela deixa evidente que ir para o espaço não é sua principal ambição, “se precisarem de uma astrônoma para participar de uma viagem e fazer pesquisa, podem contar comigo”.

    No momento, o telescópio de Larittrix está direcionado para outro sonho: inscrições para faculdades nos Estados Unidos. Enquanto isso, continua trilhando sua jornada de incentivo a meninas e mulheres brasileiras na ciência.

    “Eu não sou a única que merece essas oportunidades. Existem muitas Larittrix no Brasil, precisamos fazer algo para descobrir e apoiar essas meninas. Elas não estarão sozinhas enquanto eu e mulheres como eu existirem”, finaliza.

    Leia mais em: https://forbes.com.br/forbes-tech/2024/07/do-interior-do-ceara-ao-reconhecimento-da-nasa-conheca-da-trajetoria-de-larissa-paiva/