Cerâmica da Alegria é reconhecida como Patrimônio Histórico e Cultural do Ceará
A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará aprovou, nesta semana, o projeto de lei de autoria do deputado Bruno Pedrosa que oficializa a produção artesanal de cerâmica da comunidade da Alegria, em Ipu (CE), como Patrimônio Histórico e Cultural do Estado.
Tradição secular e raízes indígenas
Localizada na zona rural de Ipu, a comunidade da Alegria mantém uma tradição que remonta ao período da colonização, com forte influência das técnicas dos povos indígenas Tabajara. Esses primeiros habitantes da região utilizavam o barro para confeccionar urnas funerárias, prática que, ao longo do tempo, evoluiu para a produção de utensílios domésticos como panelas, jarras e recipientes para armazenar água.
Arte feminina e saber coletivo
A produção da cerâmica é majoritariamente realizada por mulheres oleiras, que moldam cada peça manualmente utilizando a técnica do cordel. Os homens, por sua vez, cuidam da extração do barro e da queima das peças em fornos tradicionais. Essa divisão de tarefas preserva o saber ancestral e fortalece os laços comunitários.
Organização e reconhecimento
Em 1997, foi fundada a Associação dos Artesãos da Alegria, que atualmente reúne cerca de 15 artesãs. O grupo produz desde utensílios funcionais até peças decorativas, garantindo renda e valorização cultural para a comunidade.
O trabalho recebeu destaque nacional com a concessão do selo de Indicação Geográfica (IG) na modalidade Indicação de Procedência, concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Essa certificação atesta a origem e a qualidade do produto, aumentando seu valor de mercado e abrindo novas oportunidades comerciais.
Alcance e importância
A cerâmica da Alegria é comercializada em diversas regiões do Brasil, incluindo a loja física da CEART em Fortaleza e plataformas de venda online, com entregas realizadas pelos Correios. O reconhecimento estadual reforça a importância de preservar essa herança cultural, que combina história, arte e identidade cearense, garantindo que a tradição continue viva para as próximas gerações.